segunda-feira, 7 de março de 2016

No limite (e o karma é uma cena que dá aos teimosos)

Já vai quê? Uns quatro meses que não se escrevia aqui. por diversas razões, umas mais exógenas outras mais endógenas, seja por questões pessoais ou de preguiça dos escribas.

Volto a escrever aqui não porque esteja propriamente entusiasmado com a perspectiva do Benfica ser tri-campeão, a montanha russa dos últimos seis anos ensinou-me o contrário, mas tendo em conta tudo o que se escreveu, disse e se jogou desde o início desta época, não deixa de ser engraçado chegarmos a nove jornadas do fim com o Benfica com três derrotas e uma vitória no campeonato com os seus dois principais adversários e ser líder isolado com 2 pontos de avanço para o segundo e seis pontos para o terceiro, esses mesmos dois adversários com os quais perdeu todos os jogos, excepto o de sábado.

Mas essa piadola tem uma razão. Um karma fodido que dá a quem insiste em fazer sempre a mesma merda com a mais valia de desta vez estar do outro lado.

Antes de mais, uma salvaguarda. Este Benfica de Vitória mantém os mesmo problemas. Uma descoordenação defensiva que leva a ter erros que se pagam caro, uma incapacidade para fazer transições defensivas e contra ataques organizados e com critério. Uma confrangedora incapacidade em manter 90 minutos de posse de bola. A segunda parte contra o Sporting foi miserável. Tanto passe falhado, tanta má decisão, algo que não é novo e que já custou pontos e eliminatórias esta época.

Mas este Benfica de Vitória também tem virtudes.

A primeira virtude: Jonas A segunda virtude: Jonas
A terceira virtude, a capacidade de Rui Vitória em unir a equipa num sentimento de luta e garra que não se via com Jesus, pelo menos no sentido de identificação com aquele ideal abstracto que é acreditar que por sermos do Benfica a vitória e a glória hão-de chegar. Os jogadores estão com vitória de uma forma que nunca estiveram com Jesus.
Talisca <3


Quarta Virtude: O caos previsível de um ataque avassalador que consiste sempre no mesmo mas que tem executantes com a classe do já supra citado Jonas e de Gaitan, para além de Mitroglou ou Pizzi que fazem com que a tática do tante bate até que fura resulte numa série de buracos nos adversário. Curiosamente esta tática resulta melhor na Champions do que contra os grandes portugueses porque na Champions já não estão habituados a ver uma equipa a jogar em ataques à Playstation. Dois alas a mandar bolas para a área até alguém meter uma lá dentro. Tem dados para os gastos.
Quinta Virtude: já tinha falado no Jonas?

Tudo isto traz-nos ao derby de sábado. O Benfica teve estrelinha, teve sorte, uma primeira parte dominadora com um Mitroglou a fazer o que lhe compete, um Jonas lutador e desbloqueador e uma segunda parte miserável que só não correu mal porque houve um Lindelöf intransponível, um Samaris gigantesco, um Almeida a fazer dobras como se não houvesse amanhã e um Ruiz que quer que o Sporting se foda. Teve um Sanches péssimo, que devia ter sido expulso,  um Gaitan a falhar passes e a meio gás mas teve um Jesus que levou com o Karma em directo nas trombas.

O Benfica não sabe como ganhou, mas soube ganhar. Já Jesus não soube perder.

Um treinador que insiste em voltar a fazer o mesmo erro. A aposta toda no campeonato leva a que os jogadores não tenham ritmo competitivo, não sintam que tenham de correr, de jogar, de marcar golos, sentir que têm provas onde podem dividir o esforço e não ter o peso do tudo ou nada numa só competição que pode desabar. Como desabou para o Benfica quando podíamos ter ido ao Dragão com uma vantagem confortável mas empata-se em casa com o Estoril e depois só bastou um golo de um gajo que ninguém conhece aos 92 minutos para matar o sonho, assim como bastaram dois falhanços de Ruiz para que o empate em Guimarães fizesse uma mossa muito maior.

Um campeonato é uma maratona e não pode ser tratado como se fosse uma final. O karma é fodido mas aparece a quem merece.

Equipa pequena? Boa resposta de Vitória. Esquece-se Jesus do empate do Jardel em cima do pano? Esquece-se Jesus da vitória no Dragão depois de levar duas bolas no ferro?

Equipa pequena somos nós e o Leicester.

Faltam nove finais, é preciso não vacilar. Rumo ao 35.

Quanto ao Porto...

O Porto, coitado.