segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Deja Vu, parte III: desta vez ao contrário.

Ver o Benfica para mim é um ritual mas um ritual que não é unívoco e, dependendo do contexto, com várias facetas. O ritual supremo e mais homogéneo é o de ir ver o Benfica à Luz, entre iguais, onde coletivamente bebo daquela humidade saturada de desejo de vitória que no fim dos 90 minutos pode estar cheia de partículas de euforia ou frustação e que passa de pulmão em pulmão de cada um dos benfiquistas que lá estão para nos sentirmos parte de um coletivo que respira cada minuto com o bem ou com o mal que se passou.

Outros  rituais coletivos com outras vicissitudes são também aqueles em que temos a alegria ver a bola no café ou em casa com amigos, que, devido ao facto de a vida não ser só futebol, pode acontecer não ser um ambiente tão homogéneo pelo facto dos amigos ou outros companheiros de visionamento não serem do mesmo clube.

As emoções são mais concentradas nos momentos chaves do jogo mas também mais dispersas. Normalmente há álcool, outras conversas que nos distraem dos tempos mortos dos jogos, alguem que sai à rua para fumar nervoso. Todo esse ritual vive de pequenas diferenças que o tornam numa experiência diferente mas com um sentimento muito mais indivudualizado. O ar que se respira num café não é o ar coletivo do Estádio da Luz.

Depois há aquele ritual mais obscuro que é ver a bola sozinho em casa.

Quando estás em casa és só tu e o teu clube. Tu, sentado em frente à TV, sem que ninguém te questione as opiniões, os juízos, sem que ninguém te censure os gestos, os gritos, as figuras, as rezas, os maneirismos. Tu e 90 minutos a combater fantasmas, as puxar pela equipa, a mandar vir com o árbitro, a gritar golo! a mudar de canal frustado mas que num esgar de arrependimento voltas ao canal naquela esperança que te agarra até ao fim.

Se na semana passada os 9 anos a perder pontos levaram a uma decisão coletiva de não assistir à primeira jornada do Benfica por já se saber o que iria acontecer, esta jornada havia a expetativa de que as coisas arrancassem. A pressão era alta. Ir a Alvalade com 6 pontos de atraso à terceira jornada seria um fardo demasiado pesado, demasiado cedo na época.

Duante o jogo, algumas evid~encias: fez-nos falta o Cardozo, o Maxi é apenas humano mas cada vez se parece mais com uma mina sobreexplorada já com muito pouco minério para dar, o Jesus continua com a corda na garganta...

De repente, dois golos depois da hora! Deja Vu. deitámos tudo a perder...

Não. Marca Markovic, marca Lima. Dois golos aos 92 minutos!

A entrada do puto Markovic, com aquele tesão dos 19 anos e a descomplexidade de quem quer vingar como jogador da bola, deu um fôlego inesperado à equipa. Faz uma arrancada pelo lado direito, tira um cruzamento.... nada! Mas colocou a defesa contrária em sentido. E de repente, o Golo!

Com este golo quase a acabar, fora do julgamento negativo coletivo, mantive-me agarrado ao ecrão na expetativa. Lima finalmente acerta com a baliza, depois de um cruzamento teleguiado de Sulejmani, uma tremenda injustiça para Gaitan que trabalhou incasavelmente durante 66 minutos para uma displicência quase desrespeituosa de Lima preante as ofertas do colega. Mas isso são incid~encias do jogo. Um jogo que tem 90 minutos mais 2


Afinal esta equipa ainda tem algo a dizer! Afinal a maldição dos 92 minutos não é só para nós.

Agora, Alvalade, para quebrar o tesão do mijo da lagartagem!

Sem comentários:

Enviar um comentário