terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A Verdade de um clássico

Porra! Estava a ver que não era desta! O cinismo contrastante da capa do jornal "O Jogo" com os restantes diários desportivos nas capas do dia após o clássico de domingo demonstra, para além da azia evidente que este resultado causou na redação do pasquim oficioso dos Andrades, uma verdade e um sentimento transversal a todos os benfiquistas.

"À oitava foi de vez"

O Jesus lá conseguiu ganhar um jogo ao Futebol Culube do Porto, para o campeonato, quatro anos depois. E fê-lo com a autoridade inequívoca de um líder que merece estar nesse lugar. Ainda para mais nas circunstãncias embargadas pela carga emocional da morte do Eusébio. Era de facto importante ter ganho este jogo. Foi preciso ter acontecido o que aconteceu para que, finalmente, em frente ao Porto, tenhamos tido uma exibição com confiança, com garra, com alma? Ou este Porto é mais fraco? De tudo um pouco parece-me.

Desde que começou esta época que já observei várias vezes. Ao Porto não lhe basta ter um macaco amestrado a conduzir o 4-3-3 oleado do costume. Convém ter jogadores para o macaco amestrado apontar o dedo para a baliza.

Recordemos que o macaco amestrado da época passada apontava o dedo para a baliza a Jackson, James Rodriguez e Moutinho e isso é ligeiramente diferente que ter um macaco amestrado a apontar o dedo a Josué e Licá. Os pobres Jackson e Fernando bem pode andar ali a correr desalmados que pouco lhes servirá.

Jesus surpreendeu não por colocar Oblak na baliza (aposta de risco ganha. Artur não vai para novo e mais vale apostar em jovens com valor do que comprar outro Roberto) mas sim por jogar sem medo, com o seu 4-4-2 clássico com Rodrigo á solta e Markovic a vagabundear (90 minutos em grande. Mais um ano e estamos prontos a vendê-lo por mais uns milhões) e a dar cabo da cabeça àquele meio campo fraquinho do Porto.

Golos de raiva de Rodrigo e Garay, a enfiar um pontapé e uma cabeçada no marasmo dos jogos do Benfica contra o Porto desde há uns anos para cá (era preciso terem o nome do eusébio na camisola?). Tudo isto num ambiente de genuína homenagem e respeito trasnversal, claque do Porto incluída. Ao contrário do dia anterior em Alvalade, na Luz houve respeito pelo minuto de silêncio. Que seja para continuar.

A cara de Rodrigo após o golo demonstrou uma vontade e raiva de ganhar que há muito não víamso em jogos contra o Porto. Vamos a ver se esta raiva e vontade não se transferem para outro clube....
A verdade, no entanto, é que clássico que é clássico não acaba sem polémica e expulsões. A grande diferença para a roubalheira dos anos anteriores é que este ano o Porto nem a roubalheira consegue aproveitar, seja por azelhice própria, seja pela espécie de justiça divina que aconteceu no domingo à tarde. Este ano ao Porto não têm faltado penalties oferecidos que não consegue aproveitar ou perdoados que não consegue dar a volta. E depois tem azar e quando as coisas se voltam contra eles já não lhes parece tão bem.

Na primeira parte do domínio territorial do Benfica após o 1-0, ao Porto foram-lhe oferecidas umas quantas benesses. Um fora de jogo não assinalado que Jackson não aproveitou e uma expulsão perdoada ao mesmo Jackson. O Porto teria tudo, noutras épocas, para se galvanizar. Já na segunda parte a coisa inicia com uma mão escandalosamente evidente de Mangala que Artur Soares Dias resolve não assinalar para dar canto. Valha-nos a deusa da vitória que, desse canto, teleguia a bola direta à cabeça de Garay para o 2-0, que a justiça também se faz assim.

De repente tudo se inverte e Artur Soares Dias acha que isto só ficava bem se começasse a roubar para o outro lado já que a roubalheira dos primeiros 50 minutos em nada resultou.

Garay comete um penalty evidente sobre o Quaresma (que com 30 anos e mais uns quilos tem mais futebol na ponta da bota direita que Josué ou Licá juntos) que Soares Dias resolve não ver, esquece-se aplicar a lei da vantagem e expula absurdamente Danilo.

Pois é, mas temos pena. Quando o Porto finalmente perceber que não basta ter um gajo qualquer a apontar o dedo e árbitros amigos, que convém ter jogadores que aproveitem bem essas benesses e perceber que há jogadores que não fazem nada numa equipa como o Porto, pode ser que deixe de choramingar quando é prejudicado duas vezes já quando têm a equipa de rastos e levaram dois golaços na Luz

Noutros tempos isto seria bastante para incendiar os ânimos para muitas semanas mas Paulo Fonseca consegue a proeza de deixar um sentimento de incompetência do Porto na Luz tão evidente perante todos que ninguém coloca em causa a superioridade do Benfica neste jogo.

Já o Sporting

*sons de grilos

Vamos a ver como corre esta segunda volta. Paulo Fonseca disse o que pouco mais poderia dizer. Acredita cegamente que será campeão na última jornada.

Este ano, para variar, gostaria de ir ao Dragão já campeão mas não recente. Caramba. Já é altura de sermos campeões a umas boas 4 jornadas do fim e não na última como foi nos dois últimos. Chega de sofrer, porra!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

DEUSÉBIO

Hoje é dia de Rei...

O dia em que o nosso Pantera Negra ascende ao quarto anel, para desejavelmente iluminar o panteão de Cosme Damião, José Águas e de tantos outros que continuam a ver o Glorioso aqui em baixo.... Tantos outros não, o King era diferente, era único e não era só nosso, era de Todos!

Ontem muitos daqueles que como eu o viram jogar em documentários, vídeos, recordações, memórias, palavras de mais velhos não sentiram menos tristeza do que o seniores que o viram jogar em televisões comunitárias ou os miúdos que o viam com a toalhinha branca a andar tropego no relvado. Eusébio foi uma luz de esperança numa juventude com futuro sombrio, foi um símbolo de superação e talento numa nação e uma prova de humildade quase constrangedora na simplicidade nobre que só os maiores têm.

Um dia a minha mãe perguntou-me aquando das suas saídas do Hospital da Luz como achava que iria ser quando DEusébio finasse, eu disse-lhe que no dia seguinte devia ser feriado nacional... ontem foi a primeira pergunta que me fez, se hoje seria feriado e encheu-me de alegria pela sua recordação.
Eu disse-lhe que sim, que deveria, que noutros países até é, e que aqui será sem dúvida um dia mais triste e de luto. Mas também de alegria igual ao sorriso genuíno, à humildade transbordante do homem que guardava dos adversários amigos e que de quando em vez há-de descer até nós para nos recordar que o Benfica ainda existe.

Descansa em paz!

P.S. Quando chegares lá acima, grande Deusébio, procura o feiticeiro hungaro e diz-lhe das boas para ver se o gajo levanta a maldição.




domingo, 5 de janeiro de 2014

O Rei morreu. Viva o Rei

A escolha da imagem para o fundo desta página retrata bem o que povoa o imaginário de qualquer benfiquista. Quando decidi escrever este blogue não perdi muito tempo a pensar o que ilustraria o fundo deste modesto canto de escribas benfiquistas.

Eusébio morreu hoje. A imagem fica para sempre em todos nós.

O meu pai, velho comunista empedernido e revolucionário de todas as causas operárias, nunca foi grande fã de bola, pelo menos como se entende muitas vezes o que é um pai benfiquista.

Ligou-me hoje a perguntar se estava a caminho do estádio da Luz prestar homenagem ao Rei, e com a voz embargada, de uma forma que me surpreendeu, disse-me apenas.

"Estou profundamente triste, foi um símbolo da minha juventude..."

Foi um símbolo de todos nós.
  
Todos morrem um dia, Eusébio não foi excepção. Nunca o vi jogar. Quando aprendi a dizer Benfica já o Eusébio arrastava as últimas forças da vontade de jogar à bola pelo União de Tomar. Mas aquela imagem que todos conhecemos do Eusébio a dobrar o corpo ao longo da perna que acabou de disparar uma bala direto à baliza foi o que sempre me contou a história do que é rematar para golo. E o futebol é marcar golos, é rematar à baliza.

O Eusébio ensinou a todos o que é rematar uma bola.

O corpo deixa esta terra amanhã.

O Rei viverá para sempre.