quarta-feira, 15 de julho de 2015

As verdades de um mundo de traições e dinheiro e de um dos maiores do Maior

Este defeso tem sido atípico para o Benfica. Não porque seja inédito a passagem de jogadores ou treinadores para os rivais, há toda uma longa história de episódios de traições e "viracasaquismos" entre os principais clubes portugueses, mas porque foram dois seguidos e dois em particular.

Se Jesus não me surpreendeu, a sua personalidade, ambição e sportinguismo nunca foram segredo para ninguém, já Maxi Pereira deixa-me triste.

Jorge Jesus tem-se de tal maneira em conta que nunca foi do Benfica, ao contrário do que muitos achavam, que pelo facto de ter estado tantos anos no Benfica já era do clube. Não, defendo aquela velha máxima que pode-se mudar de tudo menos de clube. Se JJ sempre foi do Sporting, foi emocionalmente criado no Sporting, o seu pai foi do Sporting, foi ele próprio jogador de leão ao peito, não seriam seis anos no Maior que o fariam de repente ser o Simões ou o Eusébio.

Jesus sempre foi dele próprio. Repetir em loop "Não há mais ninguém que perceba tanto de futebol como eu" não é bem a mesma coisa que "Daria a vida por este clube".

Jesus foi um treinador profissional e competente que aproveitou uma estrutura bem montada do clube com recursos humanos que poucos clubes em Portugal lhe poderiam dar (Com Saviola, Aimar, Cardozo, Di Maria, Ramires e David Luiz até o Paulo Fonseca era campeão) e trouxe o seu estilo ao Benfica e com isso recuperou campeonatos, títulos e a alegria da equipa. nada mais. Agradeço-lhe isso. Não lhe agradeço duas finais europeias perdidas, o ajoelhar no Dragão e campanhas na Champions miseráveis. Está ela por ela, desempata com o BI em 31 anos.

Ao escolher o Sporting quando Vieira quis renovar o futebol para ser ele e não Jesus a marca do sucesso do clube, Jesus mostrou que reconhece as suas limitações além fronteiras. Aceita mais um desafio, porque acredita ser capaz de fazer do Sporting campeão só com as suas capacidades tácticas. Mas aceita um desafio em que só tem que mudar-se para 3 quilómetros mais abaixo. A sua ambição tem só o tamanho de nãoo ter muito trabalho a mudar as malas e com 60 anos aproveita para ganhar mais uns cobres valentes.

Se não ganhar a culpa é da estrutura e do clube (que já percebeu que não é bem a mesma coisa onde estava, dado os pedidos de obras e alterações na Academia e as tentativas de roubar atletas e equipa técnica ao Benfica), se ganhar é o maior do mundo. Aproveita os desvarios Valeeazevedistas de um presidente que quer ganhar a todo o custo mas com o dinheiro todo empatado no treinador e com ninguém a querer vir para o Sporting vai mesmo ter de fazer milagres com o que há e o que há é pouco.

Obrigado Jesus, vai lá à tua vida e que não ganhes mais porra nenhuma.


Maxi é diferente. Jesus nunca me enganou, Já Maxi enganou-me e bem. Oito anos de manto sagrado ao peito deixa lá a marca da águia bem marcada. Ter oito anos de clube é saber quem são os rivais do Benfica. correr, jogar, lutar como Maxi o fez pelo Maior seria o suficiente para saber que não se abandona o clube para o seu rival directo. Mas que digo eu? Isso não é novidade nenhuma e sabendo isso Maxi esteve-se nas tintas. Limitou-se a ser profissional. um profissional que foi apenas profissional e nunca o símbolo que muitos adeptos, incluindo eu acreditávamos ser.

Maxi Pereira tem direito a querer ganhar mais dinheiro. Como jogador livre é livre de assinar com quem quiser, só não tem direito a figurar na galeria dos maiores do Maior. E tinha tudo para lá figurar. É isso que me deixa triste.

Assim que lhes esvazies os cofres, não jogues um caralho, sejas expulso metade dos jogos e a outra metade lesionado, sejas vendido daqui a um ano, e ainda farás jus à camisola que envergaste durante 8 anos.

P.S. Sabes um daqueles que vai ficar na galeria dos maiores do Maior? este menino. Jogou metade do tempo que jogaste mas é maior, muito maior.


Obrigado pela tua carreira Pablito